terça-feira, 29 de janeiro de 2013

REMESSA DE MAIS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA PARA A GUERRA DO PARAGUAI (1866)

AUTOR
JOÃO LUSTOSA DA CUNHA PARANAGUÁ/ MARQUÊS DE PARANAGUÁ
ORIGEM
MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS DA GUERRA
DESTINO
PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DO PIAUÍ
DATA
22 de agosto de 1866
REGIÕES DE INTERESSE
BRASIL; PROVÍNCIAS DO PIAUÍ
TEMA
REMESSA DE MAIS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA / GUERRA DO PARAGUAI
RESUMO:

OFÍCIO CONFIDENCIAL

              O Ministro da Guerra solicita ao presidente da província do Piauí que complete o envio de contingente determinado para esta província, o mais breve possível, a fim de dar término a Guerra com o Paraguai.

Assinatura de João Lustosa de Cunha Paranaguá.









TRANSCRIÇÃO


Primeira página

Confidencial                      Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1866.

Ilmo e Exmo Snr
Sendo se proposto o actual Gabinete, em seu programa, terminar honrozamente a guerra com o Paraguay na qual se acha empenhada a honra da Nação, e dirigindo nesta ocasião para este fim um appello ao patriotismo e á dignidade dos Brasileiros, como VExa verá da circular que por este vapor terá recebido, assignada pelos membros do Ministério, entendi dever endereçar a VExa. particularmente esta carta em referencia á Guarda Nacional para manifestar a VExa. a necessidade indeclinável, em que esta província se acha, de prehencher o contingente que lhe foi designado para o serviço de guerra; visto como sendo lhe distribuído o numero de 1160 praças e havendo remettido 781 faltaõ 379 que convem por

Segunda página

todos os meios do alcance de VExa. e com máxima brevidade, remetter para esta Côrte, por que cumpre pôr termo dos sacrifícios de sangue e de dinheiro que custa uma guerra prolongada.
                Neste sentido espero que VExa., que tão solicito se tem mostrado pelo bem do paiz, haja de empregar todos os esforços que lhe sugerirem o seu patriotismo e o seu zelo pela causa publica.
Ilmo. Sr. Exmo. Snr. Presidente da Província do Piauhy.
De VExa
Amo. Colla. Obr.
João Lustosa de C. Paranaguá


CONJUNTURA (GUERRA DO PARAGUAI)

Guerra do Paraguai foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata, em que o Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana (o primeiro foi a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prat, e o terceiro a Guerra do Uruguai). A Guerra do Paraguai estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870, sendo o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. A guerra foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza), na Argentina e Uruguai, e de Guerra Grande, no Paraguai.
O conflito iniciou-se com a invasão da província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai, sob ordens do presidente Francisco Solano López. O ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai (Guerra do Uruguai), em 1863, que pôs fim à guerra civil uruguaia ao depor o presidente Atanasio Aguirre, do Partido Blanco, e empossar seu rival colorado, Venâncio Flores. As forças paraguaias aprisionaram, em 11 de novembro de 1864, o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província de Mato Grosso, no qual suspeitavam que transportasse armas. Seis semanas depois, o Paraguai invadiu o Mato Grosso.
O Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra.



JOÃO LUSTOSA DA CUNHA PARANAGUÁ, 2° MARQUÊS DE PARANAGUÁ
Visconde com grandeza e marquês de Paranaguá. Nasceu na Província do Piauí, a 21 de agosto de 1821, no município de Parnaguá (fazenda "Brejo do Mocambo", na antiga freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Parnaguá). Filho do coronel José da Cunha Lustosa II e de dona Ignácia Antônia dos Reis Lustosa, e neto do português José da Cunha Lustosa I e da paulista Helena Camargo de Sousa. Eram seus irmãos o Barão de Paraim (José da Cunha Lustosa) e o Barão de Santa Filomena (José Lustosa da Cunha).
Formou-se pela Faculdade de Direito de Olinda em 1846, casou-se no ano seguinte com Maria Amanda Pinheiro de Vasconcelos, filha do Visconde de Monserrate, com quem teve seis filhos.
Desde cedo ocupa o cargo de juiz, fazendo carreira na magistratura até atingir a posição de conselheiro (atual desembargador), em sua província natal, aposentando-se em 1878 com honras de Desembargador. Foi deputado provincial em 1840, e deputado geral nas 8ª e 13ª legislaturas. Tendo iniciado a vida política nas fileiras do Partido Conservador, tornou-se posteriormente um dos líderes do Partido Liberal.
Exerceu a Presidência das Províncias do Maranhão (1858 - 1859), de Pernambuco(1865 – 1866) e da Bahia (1881 – 1882); foi Ministro da Justiça (10 de agosto de 1859 - 3 de março de 1861, e de 3 de agosto de 1866 - 27 de outubro de 1866), Ministro da Guerra (7 de outubro de 1866 - 16 de julho de 1868), Ministro das Relações Exteriores (9 de dezembro de 1867 - 14 de abril de 1868, e de 6 de maio de 1885 - 20 de agosto de 1885), Ministro da Marinha (9 de dezembro de 1879 - 24 de janeiro de 1880), Ministro da Fazenda (3 de julho de 1882 - 24 de maio de 1883).
No Governo Parlamentar Brasileiro, foi Primeiro-Ministro (3 de julho de 1882 — 24 de maio de 1883)
Como ministro da Fazenda reduziu a emissão de papel-moeda e diminuiu os juros da dívida pública. Quando ocupou a Pasta da Guerra o país estava mergulhado no conflito com o Paraguai.
Além das atividades políticas teve intensa vida cultural, tendo presidido a "Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro" e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, além de ter sido membro efetivo e honorário de entidades similares.
Títulos nobiliárquicos
Foi o segundo visconde (com grandeza, em 1882) e o segundo marquês de Paranaguá. Grande do Império, veador de Sua Majestade a Imperatriz, comendador da Ordem de São Gregório Magno, dentre outras.
Foi agraciado com o título de marquês em 1888. Com a proclamação da República abandonou a atividade política.
Faleceu no Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1912.




2 comentários:

  1. Olá, Marco.
    Você tem aí uma bela coleção de pedaços da História do Brasil. Estou me iniciando nesse ramo e também tenho alguma coisinha por aqui, mas nada que se compare a esses seus documentos, quem me dera!
    Quero um contato seu para tirar algumas dúvidas sobre acondicionamento, sabe como é, n'é... não pode pôr em pvc, não pode pegar muita luminosidade direto...

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  2. Caro amigo,pode se comunicar comigo pelo e-mail "hist.atualidades@gmail.com". Estou a disposição para qualquer dúvidas.
    Um abraço!

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