AUTOR
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BRIGADEIRO JOSÉ MARIA DE MOURA
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ORIGEM
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GOVERNO DAS ARMAS DO PARÁ
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DESTINO
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PRESIDENTE E CÂMARA DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
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DATA
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29 de abril de 1823
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REGIÕES DE INTERESSE
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BRASIL, PARÁ E MARANHÃO
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TEMA
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REVOLTA NA PROVÍNCIA DO PARÁ
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RESUMO:
Informa sobre acontecimentos
revolucionários na Província do Pará e solicita ao Maranhão, reforço de tropas europeias
(já solicitadas pelo Maranhão), até que cheguem as tropas europeias que ora o
Pará solicita a Corte de Lisboa.
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TRANSCRIÇÃO
1° página
Illmo.
e Exmo. Señr.
Não serão desconhecidos a V. Exa., ao receber
este, os revolucionários acontecimentos dissidentes, que tiveraõ lugar n’esta
Capital em a madrugada do dia 14 do corrente: também V. Exa. estará
inteirado, que as caballas, e as intrigas do prejuro partido dissidente
conseguirão finalmente alliciar huma parte da Tropa desta Guarniçaõ; e fazella
apparecer n’aquella fatal madrugada como o principal, e mais poderozo agente de
seus perniciozos planos. Felizm.te poude rebater-se o tumulto, e
apager-se o incêndio; porem as cinzas ainda fomegaõ, e eu, a Junta Provisoria,
e todos os bons, e constitucionais cidadãos d’esta Capital, inclusos os
honrados militares, que naõ tiveraõ parte na Conjuração, reconhecem como
urgente, a prezença de alguma Tropa Europeia. Eu, a mesma Junta Provisoria, o
Corpo do Commercio, e a Camara desta Cidade temos representado a
2° página
Sua Magestade esta necessidade, e sallientando com urgência
os meios de a supprir; porem nossas representações naõ chegarão a Lisboa antes
do fim de junho, tempo em que poderá ter chegado a essa Provincia o
Destacamento, que V. Exa requereu ao Mesmo Augusto Senhor. He de
summo interesse para a Naçaõ, que as Constitucionais Provincias do Pará, e
Maranhaõ se auxiliem reciprocam.te em suas necessidades Politicas. O
Pará está presentem.te em maiores apuros, que o Maranhaõ, e He por
este motivo, que em Nome de Sua Magestade requeiro com urgencia a V. Exa.,
que logo que a essa Capital chegue o Destacamento de Tropa Europea, que V. Exa.
requereo, e espera, haja de expedir para aqui igual numero de praças ao que
d’aqui mandei por effeito das requisições de V. Exa. , devendo para
este fim conservar-se nessa Cidade o Destacam.to d’esta Prov.a
athe que chegando aqui a Tropa, que se pedio do Ministerio, eu me ache
habilitado p.a despedir
3° página
Para o Maranhaõ a Tropa Europea, que agora requeiro a V. Ex.a,
em cuja occasiaõ regressará a esta Provincia o Destacam.to, que
d’aqui mandei: o que supplico a V. Ex.a, como huma providencia mui
urgente, para se conservar em paz e segurança a Capital do Pará athe, que
cheguem de Lisboa os socorros, que acabo de requerer ao Ministerio. Deos Guarde
a V. Ex.a Q.el General do Governo das Armas no Pará 29 de
Abril de 1823.
Ill.mos e Ex.mos Senr.e
Prezidente e Membros da Junta Provizoria do Governo Civil da Prov.a
do Maranhaõ.
Joze M.a de Moura
Brigadeiro José Maria de Moura Henriques Sá Couto
José Maria de Moura Henriques Sá
Couto, militar português; nasceu em Lisboa, no ano de 1772, numa família
abastada. Após concluir os seus estudos, se alistou no Exército Português em
1795. Na carreira militar, alcançou diversos cargos de destaque, como o de
comandante do Regimento de Artilharia Nº 3 entre 1811 e 1819, sediado no
Alentejo. Adepto da Revolução liberal do Porto, foi nomeado pelas Cortes em
1821, Governador das Armas de Pernambuco, ficando no cargo até dezembro do
mesmo ano.
Assumindo o ofício de Governador
das Armas da Província do Grão-Pará em 1º de abril de 1822, notabilizou-se por
defender ferrenhamente a situação colonial do Brasil. Foi destituído após o reconhecimento
da Independência do Brasil no Pará em 15 de agosto de 1823, quando lhe foi
permitido, após breve período de prisão, retornar a Portugal. Veio
a falecer no dia 10 de janeiro de 1836 em sua cidade natal, foi casado com
Maria do Carmo da Silveira e Araújo.
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